sábado, 9 de agosto de 2008

Frei François

(miniconto)
Os rumores de que o frei François falecera era algo vago e incerto, mas curioso que sou, visitei sua igreja e, temeroso, procurei pelos sinais da morte, mas ao contrário, encontrei vida em um corvo que fazia questão de me vigiar, até que algo estremeceu minh'alma; ruídos no porão da antiga biblioteca Franciscana que mais se assemelhavam aos dos roedores, mas, no meio dos ruídos, uma medonha voz se fez viva. Corri até próximo do porão e, com certo esforço, levantei o pesado alçapão de madeira. Um forte odor de enxofre invadiu o local, espantando o estranho corvo e deixando minhas narinas deveras irritadas, mas nada se comparava a nova aparência daquele que já fora um pacato e mortal frei: pálido como a cera de uma vela e possuidor de aquosos e vitrificados olhos e de poderosos e pontiagudos caninos.

Sim, os rumores eram verdadeiros, o frei François já não está mais entre nós... - Ademir Pascale - ademir@cranik.com


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